
Ao ler a matéria publicada pelo Jornal O Tempo, que diz que 62% dos brasileiros se interessam pouco ou quase nada pela eleição, destaco o seguinte trecho:
"Para o cientista político da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas Marco Teixeira, os dados revelam algo que já transparecia na sociedade brasileira “Creio que aí se revelou algo que já vem acontecendo há algum tempo e desencadeou inclusive os protestos de junho. É a chamada crise de representação, quando os políticos não têm mais a capacidade de atender às demandas da população, principalmente essas que são mais urgentes”, avalia o professor". http://www.otempo.com.br/capa/pol%C3%ADtica/pesquisa-62-se-interessam-pouco-ou-nada-por-elei%C3%A7%C3%A3o-1.921355
Fica aqui a seguinte reflexão:
Qual será o quinhão de responsabilidade dos políticos nesse desinteresse? Será isso reflexo da impunidade, da corrupção impregnada em todos os níveis de poder, da falta de respeito generalizada com a coisa pública, fatores que levam a total falta de opção?
Uma amiga comentou que dias atrás ouviu uma repórter dizer que estava percebendo, neste período eleitoral, o mesmo clima morno que reinava antes da copa, com total falta de entusiasmo e de expectativa por parte dos brasileiros. Creio que seja justamente isso que esteja acontecendo. Quando vemos que o sistema não muda, que entra governo, sai governo, e os problemas se agravam, parecendo que na verdade todos que entram falam a mesma língua, que expectativa podemos criar?
Para que qualquer ação seja realizada, é preciso motivação. Nós, seres humanos, não somos autômatos. Nossa essência tem base no pensamento, no livre discernimento. A essência do ser humano é pensar, raciocinar, escolher e agir, mas antes de tudo isso é necessário que haja a motivação. Pensemos bem: o que pode nos motivar quando vemos que a cada dia a situação se complica mais e mais e que, apesar de toda a esperança, a cada eleição os discursos e promessas são os mesmos e repetem-se de quatro em quatro anos?
Penso que não adiantam os argumentos que dizem que os brasileiros devem se interessar pela política, pois interesse não é algo que se origine de dever. Forçar a barra insistindo em campanhas que digam que deve haver interesse é inócuo. Interesse vem junto com esperança, com estímulo. E para haver esperança e estímulo, só mesmo quando for possível vislumbrar uma chance de mudar o tão viciado sistema, os hábitos e costumes perniciosos do meio político. Enquanto prevalecer a mesma roda, onde só mudam os componentes de tempos em tempos, grande parcela dos brasileiros seguirá, em relação à política, desestimulada e sem vontade de dedicar seu empenho.
Luciana G. Rugani
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