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A DANÇA DAS CADEIRAS DO MERCADO ELEITORAL



Incrível como neste caso do processo de impeachment da presidente Dilma vemos um retrato fiel do nosso infame sistema político. Pra começar, são criminosos e investigados julgando outros criminosos e investigados. Como se pode permitir que Maluf (aliás, não deveria ser-lhe permitido nem mesmo a ocupação de algum cargo público), Collor e Cunha, entre outros, participem ou interfiram no processo? Para mim isso chega a ser uma aberração! 

Por outro lado, vemos um governo desesperado, utilizando manobras que na verdade revelam o quanto estamos falidos em termos de Política com "P" maiúsculo. Denunciaram que o governo federal estaria negociando cargos em troca de votos contra o impeachment. Mas o que se poderia esperar, considerando que vivemos em uma sociedade que aceita com tranquilidade e acha normal esse troca-troca, esse "quem paga mais" da nossa política? Uma sociedade onde pré-candidatos se vendem em troca de favores ou promessas futuras, onde a dança das cadeiras nos partidos virou um verdadeiro mercado persa, sem nenhuma ideologia, sem a mínima coerência, e tudo permitido pela legislação eleitoral através do famigerado "quociente eleitoral". A matemática eleitoral permite que se conheça de antemão e com quase cem por cento de chance as reais possibilidades de sucesso em uma eleição, o que faz com que sejam ainda mais intensas as barganhas e os valores nelas "comercializados". 

Compra de votos hoje em dia é o mínimo, tendo em vista tudo o que acontece. Há compra de partidos, de candidaturas, de apoio, e até mesmo de silêncio. Tudo se vende e tudo se compra nesse que vou chamar de MPB. Não, não é a música popular brasileira. Essa não vai muito bem, mas segue seu caminho. MPB é a sigla de mercado político brasileiro, denominação que acabei de criar para esse verdadeiro mercado persa brasileiro da política. 

Como podemos querer que tudo caminhe de forma ética e legal, no congresso e no governo federal; como podemos achar um absurdo que ali ocorram estes disparates, se a sociedade brasileira, até mesmo nos pequenos pleitos, como as eleições para escolha de conselheiros tutelares, vive atolada em hábitos corruptos e realimentando-os a cada pleito? Impossível. Somos o reflexo do todo. 

Ao invés de manifestarmos surpresa com tudo que vem ocorrendo no governo federal, como se fosse algo totalmente fora de propósito, ponhamos a mão na consciência e olhemos ao nosso redor. Façamos também uma autorreflexão e analisemos friamente até que ponto permitimos ou até mesmo compactuamos com a permanência disso tudo. 

Nossa economia não suporta mais tanta corrupção. Corrupção gera custo, encarece produtos. O benefício a curto prazo recebido agora, por meio do troca-troca deste mercado eleitoral, já está nos custando muito caro, e isso tende a pior se não começar a ser cortado pela raiz.

Luciana G. Rugani

Comentários

  1. Collor, Cunha, Maluf, Sarney, Renan Calheiros, Paulinho da Força, só para citar alguns dos principais, estes não deveriam sequer constar dos quadros políticos deste país, qto mais ter força política, mas como aqui é terra de inversões de valores...

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