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AS OLIMPÍADAS, NA VISÃO DE JULIANA MARGE

por Luciana G. Rugani - Abaixo segue o texto de Juliana Marge, filha de minha amiga Elizabeth Marge, publicado em 17/04/2016 no blog "ASA - Ações e Soluções em Acessibilidade". 
Apesar de ter sido escrito há mais de dois meses, continua bem atual pois propicia uma reflexão em relação às prioridades que são abraçadas em nosso país, quando prevalece sempre a ideia de passar para o exterior uma visão hipócrita de nossa sociedade, escondendo os problemas "embaixo do tapete":


“Às vésperas do maior acontecimento do esporte, além das obras atrasadas, a quadra usada uma vez só na semana por deficientes físicos para jogarem basquete (é o único lazer de muitos deles, diga-se de passagem), foi fechada pelo Sr Prefeito ‘Olímpico’, para poder economizar energia. Na cidade sede dos jogos, o ‘chefe’ não faz incentivo algum ao esporte, simplesmente mandou apagarem as luzes. Não vai ter jogo! Não vai ter lazer! Quantas praças acessíveis nós temos por aqui? Agora, este mesmo senhor, deseja voluntários para que seja um evento inesquecível aos olhos do mundo todo, e olha… 20 mil deles já pediram demissão. Acho engraçado voluntário pedir demissão, inclusive, acho engraçado em um evento que era para gerar empregos com renda e mudar a realidade do carioca, ter tantos voluntários. Eu, mais do que possam imaginar, acreditei e vibrei bastante na época da escolha. Sonhei com a cidade acessível, limpa e organizada já pronta para a copa, e para que os eleitores pudessem usufruir antes de qualquer turista. Mas não foi isso que aconteceu. Posso estar equivocada, radical ou louca, e se for isso, me corrijam, mas frente a tudo que estamos vivendo, o legado zero da Copa de 2014, eu não me motivo a ser um voluntário. Eu deveria mostrar meu amor a pátria assim? Vai ser bom para o trabalho que já exerço? Vou ajudar os atletas, principalmente os paraolímpicos? (que são ótimos mas incentivo nenhum recebem)? Se for para estar próximo deles apoiando, eu até concordaria. Mas se não for, quero um bom motivo para ir de graça, e que me faça esquecer as prioridades, tais como: as filas enormes das UPAS, falta de medicamento nos postos, o hospital da UERJ referência fechando as portas, as vacinas H1N1 se esgotando, os casos de microcefalia aumentando, O HEMORRIO FECHANDO…. Eu que sempre fui bem tratada nos outros países e estados que visitei, não saberia o que dizer para os turistas caso precisem desses serviços aqui. É provável que se eu me machucar no evento, também não tenha atendimento algum. Sinto vergonha de festejar lembrando das verbas de merenda desviada, que poderiam ser da escola do meu, ou do seu filho, o desemprego e a alta disparada da inflação, os salários dos servidores atrasados e dos aposentados, que agora serão parcelados sem pena alguma! Meu Deus! Sério, como comprar uma água lá? Eles darão ” de graça?” E a segurança? O policial despreparado que pouco ajuda, mas que é mal pago? Fora o risco grande de enchentes depois de tanta obra de maquiagem. Gente, desculpa, mas se chover um pouquinho a mais, eu não conseguirei subir com a minha mãe no ombro para o capô do carro e ficar lá acreditando em dias melhores. Vocês conseguem? E o risco de arrastão, assaltos a todo momento? Falando da minha mãe…e a falta de acessibilidade nas calçadas e em todas as praias? (salvo meu querido ppt nos fds ) e as vaga de prioridade usadas indevidamente ? Vai ter ônibus para chegar la de graça ou vamos pagar o deslocamento com esse valor abusivo que outrora estávamos reclamando nas ruas? Por falar nisso, o número de ônibus diminuiu, mas os motoristas continuam passando mal arriscando vidas com dupla função e jornada tripla, uma verdadeira maldade! Taxistas que eram para estarem preparados em todas as línguas, estão na guerra com o Uber, e nós estamos inseguros para usar os dois, ou qualquer outro transporte, já que não sabemos se o metro estará pronto, o BRT é o próprio inferno e nem preciso ser pessimista para ver que o VLT não vai adiantar, e que jamais será um trem respeitado, como o de Amsterdã. E isso não é o tal do complexo de vira lata, eu antes de formar minha opinião, li e reli muitas coisas. Sei que todas as cidades que, já foram sedes tem problemas, e que Londres foi uma das que adotaram o sistema, de voluntário na época dos jogos, mas a diferença é que a maioria delas, possuem economia estável, segurança e, uma infra estrutura mínima. E que mesmo assim, pasmem, seu povo é capaz de protestar a qualquer sinal abusivo de preço, e se for preciso, boicotar não só a compra do produto, mas também, arrisco eu a dizer , um evento desse porte, caso a cidade fosse o caos que vivemos aqui diariamente, eles farão. 
Juro que não torço para que seja ruim , e eu até gostaria de brincar nessa festa com vocês, meus amigos, mas meu desgosto com isso tudo é real e eu preciso ser fiel ao que busco, e coerente com o que falo nas nossas sociais nos finais de semana e grupos do whats. Não dá para disputar uma tocha olímpica e se emocionar, depois de passar dias arrecadando comida para os abrigos que o nosso governo não está sustentando, sabendo que jamais será suficiente , e os lucros estarão nas mãos dos empreiteiros sempre. 
Ao meu ver, o boicote ao voluntariado é o melhor protesto nestes tempos, porque de nada adiantara xingar a Dilma, o Temer, o Cunha ( ai meu Deus) ou quem estiver ali representando, se não sabemos como nos defender, e continuarmos aceitando tudo isso festejando. “Mas o brasileiro precisa de alegria! “Também acho, mas respeito também. 
Sou voluntaria em muitas causas, mas essa não me parece ser Justa a esse ponto…assim mesmo, ainda aguardo um bom motivo para me fazer mudar de ideia. 
Aos atletas: minha torcida e admiração a todos!”Juliana Marge

Comentários

  1. Tô nem ai para as olimpíadas,o país ta falido,muitos desempregados e desesperados por não ter o que colocar na mesa pros filhos comer....

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