ARTIGO – Sentimento negativo
2 de janeiro de 2012
Publicado Coluna Bem Viver do Jornal Estado de Minas
Antônio Roberto, sou executivo principal
de uma grande empresa e me deparo, com freqüência, com muita intriga e
hostilidade entre os gerentes. Será inveja? Como lidar com isto. Tomas
Viotti – Belo Horizonte.
Antônio Roberto, como lidar com uma irmã
que me ataca e me critica constantemente? Ela sempre me puxa para
baixo. Marina – Sabará
Antônio Roberto, trabalho com dedicação,
nas atividades sociais e religiosas de minha Paróquia. Sofro muito com
algumas pessoas que querem sempre aparecer, brilhar e passar na frente
das outras. Será inveja? Luíza – Belo Horizonte.
Todo sentimento negativo nos faz sofrer.
Daí a importância do entendimento e elaboração do sentimento de INVEJA.
Compreender este sentimento pode ser a chave para a resolução de
diversos conflitos no trabalho, em casa, na sociedade. Não há sentimento
mais destrutivo para o clima organizacional ou familiar que a inveja.
Mas o que é a inveja?
Para entendermos a inveja temos de descobrir a estrutura básica que antecede. O mecanismo que cria a inveja é a COMPARAÇÃO.
Para entendermos a inveja temos de descobrir a estrutura básica que antecede. O mecanismo que cria a inveja é a COMPARAÇÃO.
A inveja é a vivência de um sentimento
interior sob a forma de frustração, de tristeza, de mal-estar, de
acanhamento, por nos sentirmos menos do que o outro, por não possuirmos o
que o outro possui, por não sermos o que o outro é. É um desequilíbrio
íntimo, oriundo de um sentimento de inferioridade, fruto da COMPARAÇÃO
que fizemos entre nós e o outro, seja nas posses materiais, na casa, no
carro, na roupa, no dinheiro ou nas suas qualidades psicológicas,
morais, físicas, sociais ou espirituais. E como a inveja é um
desequilíbrio entre nós e os outros em um processo comparativo, desde
cedo nos foram ensinados alguns mecanismos de defesa para este
desequilíbrio.
Um dos mecanismos é nos aumentarmos, nos
vangloriarmos, nos enaltecermos para evitarmos o mal-estar da inveja.
Falamos excessivamente bem das nossas próprias coisas e, ao mesmo tempo,
procuramos diminuir a outra pessoa através da crítica. Quando
criticamos alguém, quando temos necessidade de diminuir alguém, quando
ofendemos alguém, quando temos necessidade de falar mal de alguém,
provavelmente estamos nos sentindo inferiores a esta pessoa. A inveja é a
incapacidade de ver a luz das outras pessoas, a alegria, o brilho, a
luminosidade de alguém, seja em que aspecto for. A inveja é o sentimento
daqueles que não aceitam a diversidade do mundo e das pessoas. E esta
incapacidade de aceitar que as coisas e as pessoas sejam diferentes é
uma rejeição de sua própria pessoa como sendo diferente das demais. A
inveja é a auto-aversão por não sermos como os outros são. O que há de
negativo e pior é esta auto-rejeição em algum aspecto. Daí a relação
direta entre inveja e auto-estima baixa.
Quem não se ama é invejoso.
Muitas pessoas pensam que inveja é
quando vemos algo em alguém e queremos ter ou ser iguais ao outro. Isto é
apenas um desejo de aprendizado, de crescimento. O que caracteriza a
inveja é a frustração conosco mesmos, é a tristeza conosco mesmos, é a
intolerância com nós próprios por nos sentirmos menores do que os
outros. Por outro lado, toda a nossa sociedade é baseada na comparação.
Nossa cultura é uma cultura da
comparação. Como tudo é relativo como tudo está em relação, nós perdemos
a capacidade de ver as coisas em si mesmas e só conseguimos entender as
pessoas e coisas na comparação umas com as outras.
Toda propaganda é baseada no processo
comparativo, entre nós e os modelos que nos são apresentados. A
trama-base de qualquer propaganda consiste em que olhemos alguém no
vídeo, por exemplo, nas suas qualidades de riqueza, poder, prestígio,
inteligência, dinamismo, beleza, força e magnetismo pessoal; que nos
comparemos com os ambientes e pessoas apresentadas, que nos sintamos
inferiores, magoados e diminuídos subliminarmente.Em seguida, é-nos
apresentada a solução para resolver aquele mal-estar: a compra de alguns
produtos que nos farão iguais aos padrões apresentados!
A sociedade em que vivemos é baseada na comparação na competição e, portanto, na INVEJA.
E as organizações empresariais com seus
instrumentos comparativos, alimentam e disseminam a inveja entre os seus
empregados, sem se aperceberem disto.
As organizações familiares, de igual forma, comparam seus membros, gerando um clima de disputa e hostilidade entre eles.
Uma pergunta muito comum dos pais é:
_Porque os irmãos brigam tanto?
_Porque sempre foram comparados entre si. Porque eles se invejam.
Outra pergunta que muitos fazem é por
que tanta maledicência, fofoca nas relações de grupo, até em ambientes
religiosos ou educacionais? Por causa da competição, gerada pela inveja,
alimentada pelas comparações. E como trabalhar este sentimento tão
devastador? Como lidar com a inveja seja a nossa ou a dos outros?
Esse será o assunto do nosso próximo artigo, no domingo que vem.
Antônio Roberto
é isso mesmo a inveja e um assunto muito complexo e algumas vezes destrutiva.
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