Minha coluna de hoje no jornal "Diário Cabofriense". Abaixo da foto, segue o texto para mais fácil leitura:
Na segunda-feira, 20 de julho, comemoramos o
"Dia do Amigo".
E por falar em “amigo”, será que ainda sabemos
realmente o seu significado? O termo tornou-se hoje tão banalizado, que parece
que o significado original perdeu-se no tempo. Algumas redes sociais (o
facebook, por exemplo) colaboraram muito com essa banalização ao utilizarem o
termo para designar os membros da rede. Melhor e mais de acordo seria se esses
fossem chamados “seguidores”.
Pesquisando em várias fontes sobre o significado da
palavra "amigo", encontrei em todas elas alguns quesitos comuns que
caracterizam uma relação amistosa, quais sejam: afeição, apreço,
admiração, querer bem, reciprocidade, intimidade, intercâmbio de ideias, compartilhamento,
compreensão, aceitação das diferenças, etc. Então, quando vemos diversas
pessoas se autoafirmando "amigos", principalmente nas redes sociais
onde há tantas mensagens sem respostas, tanta fuga (sob as mais vis desculpas)
ao diálogo franco e direto, tanta incompreensão com um pensar ou um proceder
diferente, tanto preconceito e não aceitação de ideias, de crenças ou de estilo
de vida, fica ainda mais evidente o quanto o termo se banalizou. E o
imediatismo das pessoas da atualidade não as deixa perceber que na verdade
estão permitindo que essa banalização aconteça também nas relações, pois não há
uma vontade de construí-las verdadeiramente, de ouvir o outro com empatia,
tentando compreender seu jeito e suas ideias, muitas vezes diferentes, e de
tomar contato real com o mundo do semelhante. Por outro lado, pode acontecer
também a ilusão de que se é amado, de que se possui realmente um amigo com o
qual se pode contar e com quem pode haver franqueza sem medo de incompreensão.
E talvez as decepções sejam resultado direto dessa ilusão formada.
O amigo, no sentido real do termo, não foge ao diálogo
reservado, à conversa franca, não deixa sem respostas. O amigo respeita o outro
sem expô-lo ao ridículo, sem menosprezar publicamente a relação, sem distorcer
suas palavras. O amigo sabe discernir quando, às vezes, a razão trai o
sentimento, o cérebro se desentende com o coração ao tentar ocultar, com
palavras, um sentimento ferido, uma mágoa recôndita. O amigo se preocupa, busca
notícias, segue presente, ainda que não fisicamente, não só nos momentos
prósperos, mas também nas dificuldades. E o que vemos hoje não é nada disso.
Vemos amizades por conveniência (o termo correto para isso, a meu ver, seria
"contato", e não "amizade"), onde as pessoas unem-se a
outras por um mero interesse específico e não por um real querer bem. À
primeira desavença ou diferença, corta-se o laço sem o mínimo pesar.
Acho que vale a pena uma análise mais profunda sobre
esse assunto. E, em comemoração (um pouco atrasada) ao “dia do amigo”, deixo
aqui algumas palavras para reflexão: na amizade, é intrínseca a liberdade.
Livre querer bem, sem porquês, sem razão. Não se gosta de alguém por medo,
pressão ou dever. Ama-se por amar, o amor não se explica. Reciprocidade,
compreensão, intimidade e respeito também não faltam na amizade. Compreender a
imperfeição do outro e amar sabendo que ninguém está isento de erros e falhas, e
que não há um só ser perfeito no mundo.
Um amigo? Que seja leal, não precisa ser perfeito. Que
seja presente, ainda que distante. Que se aproxime de verdade, coração a
coração, com coragem e sem poréns, que doe incondicionalmente seu amor, sem
exigir perfeição. Existe? Hum... acho que sim. Basta treinarmos e tentarmos ser
assim. Errar? Claro, vamos errar... Afinal, somos aprendizes! É natural que
seja assim! Mas... não vale a pena tentarmos?
Luciana G. Rugani
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