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YUSUF DE GAZA

Foi com muita emoção que escrevi esse artigo para o Blog do Totonho. O texto fala sobre este pequeno garoto que, com seus dois irmãos, vem postando vídeos clamando pela paz em Gaza. Perderam tudo, e querem refazer suas vidas.  
O objetivo desse texto é colaborar na divulgação e reforçar o pedido de paz de Yusuf.

Em meio a bombas, escombros e ruínas, ali, onde a morte nunca foi estranha, um céu pálido e cinza, sombreado e sem vida. Em contraste com tão dura cena, eis que surge a pequena criança, de olhos aflitos e marejados. 
O pequeno Yusuf, cujo nome remete à benção divina, ergue a pequena mãozinha para suplicar. Órfão, com apenas cinco anos de vida, viu a guerra matar sua família. Perdeu também toda sua infância. Sua voz é triste, repleta de dor. Tem brilho nos olhos, mas não o brilho infantil, puro e feliz de criança. Tem um brilho de lágrimas, um brilho triste que suplica e revela todo seu pavor. Apela aos homens sem alma que governam países: "Por favor, pare, eu sou Yusuf. Eu estou em Gaza. Sem casa, sem comida". Uma desesperada súplica, o mais triste apelo que já feito pela paz. O garoto não suporta mais. Ele fala por si, mas também pelos tantos que por ali vagueiam perdidos, desnorteados, sobrevivendo dos pingos de solidariedade que, talvez, recebem aqui ou ali. Ele fala, ainda, pelos garotos mortos enquanto buscavam comida; ele fala também pelo garotinho ferido que treme de medo, cujo irmão, também ferido e também criança, tenta acalmá-lo com afagos cheios de susto e pavor. 
Yusuf, o frágil garotinho a pedir paz, revela a coragem do espírito forte ao suplicar aos perversos para que parem com a guerra, demonstra possuir muito mais sabedoria do que aqueles ignóbeis psicopatas, pois esses só conhecem a ilusão do poder. Esses são incapazes de sentir e de perceber algo que não seja o poder. Não sabem que a dor que semeiam aguarda apenas a virada da próxima esquina para abraçá-los. São incapazes de compreender que o grito de Yusuf não é em vão e que ecoará pelo infinito a aturdi-los nos fios mais profundos de seus germens de consciência.
Yusuf representa o futuro de um povo que está sendo arruinado, exterminado. O pequeno e sofrido Yusuf provoca a ira do governante genocida que se perdeu em seu podre poder. 
Não sei como está, neste exato momento, o pequeno Yusuf. Espero que possa receber, de alguma forma, um acolhedor e protetor abraço que represente alguma assistência, seja material ou emocional, e também milhões de pensamentos ricos em vibrações de amor, carinho e proteção. E que sua vozinha frágil gritando "pare" possa, assim como a bênção que vem de seu nome, ecoar e abençoar outros tantos Yusufs, milhares de crianças vítimas da guerra, resultado da mais pura barbárie e do extremo da estupidez humana.

Luciana G. Rugani
Pensadora, escritora e poeta
- Uma experimentadora da arte -

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