Hoje, no Blog do Totonho, apresento meu poema "à beira-mar":
E esse observador retrata bem a atmosfera de paz daquele lugar, quando na orla viviam pescadores e pessoas comuns daquela cidadezinha de antanho. Ele avança no tempo como quem volta de rápida viagem, e logo se percebe no espaço atual.
Enquanto isso, o mar segue o mesmo a ondear, com a mesma beleza e graça, como a colecionar suas vastas memórias:
à beira-mar
saudade viva de paisagem não vivida
nada consciencial
quiçá um registro akáshico ou astral
a moldá-la tão real
o pescador morava à beira-mar
E para ali morar
bastava querer e gostar
o vento livre a soprar
os dias de pesca e de sal
vivos eram a passar
larga praia da barra
restinga extensa e florida
reduto de moleques a brincar
o mar azul a ondear
prisca era a reverberar
o mar das sereias
das rainhas do mar
o mar de yemanjá
seres marinhos dele vivem a cuidar
parecem em suas ondas bailar
e a um mergulho convidar
mas somente aos que o saibam respeitar
em dias atuais
ali o pescador não mora mais
a restinga, apenas a salpicar
e a larga praia a se estreitar
estreitam também os habitantes
em sua orla a morar
somente os poucos que muito possuem
em moradas de custos exorbitantes
como tocas vazias
e sem amor pelo mar.
o mar segue o mesmo a ondear
ainda que nos corações em terra
seja o frio a reinar
ou insistam os seres em se espinhar
ele segue a brincar
com rainhas e seres do mar
o vento nordeste ele abraça
a mostrar que naquele lugar
o sudoeste não grassa
dias dourados de sol
sinalizam bonança que chega
como a lembrar
que a vida ali aconchega
a vida ali se refaz
e segue a ondear
tal quais as águas do mar
Luciana G. Rugani
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