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CONTO: UM AMOR INFINITO

INTRODUÇÃO


Normalmente costumo escrever poesias ou postar poesias de amigos sem relatar a origem delas. Hoje será diferente!

Hoje me vi como o saudoso Renato Russo, que, para relatar a história de um casal de amigos, fez uma canção criativa e que explodiu de sucesso durante um bom tempo. Assim como Renato Russo compôs "Eduardo e Mônica" para contar a história de seus amigos, eu resolvi escrever um conto romântico.

A história de Butch e Ize é na verdade uma história de amor infinito, sacrificado há 34 anos devido às naturais escolhas que todos nós fazemos quando jovens mas que, quando adquirimos mais maturidade, percebemos nosso engano e não podemos mais voltar atrás. O tempo não retrocede. Butch culpa-se pela atitude que tomou há 34 anos e que foi responsável pela dor que até hoje carrega em seu coração. Mas eu disse a ele que ele não deve se culpar, pois ele escolheu e agiu de acordo com a experiência que tinha na época, e assim é a vida: a cada dia podemos aprender mais um pouco e perceber os erros que cometemos. Algumas vezes podemos consertá-los, outras vezes não, mas, ainda assim, é bom e saudável que percebamos e aprendamos com eles, pois, ainda que não possamos alterar os fatos, a experiência nos ajudará em outras questões do nosso amanhã ou até mesmo em nosso presente. Experiência e saber nunca são demais.

Abaixo segue o conto e, em seguida, duas poesias de Butch que, com sua autorização, publico para ilustrar o conto. Ambas as poesias têm origem nessa história sem fim, que permanece viva e sendo vivida a cada dia nos sonhos dos dois, principalmente de Butch, que tanto lutou para consertar os efeitos de sua impensada decisão.
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UM AMOR INFINITO

Ano de 1986. Cidade de Santo Antônio do Paraibuna. Butch Cassidy, um jovem de dezesseis anos, levava uma vida normal, como qualquer adolescente de sua idade, até que vivenciou uma história que marcaria sua vida para sempre.

Butch conheceu Ize, uma jovem com quem se encantou quase que à primeira vista. Ize também encantou-se por Butch. Ambos perceberam que havia entre eles muito em comum e, principalmente, um sentimento diferente e muito intenso. Mas, o tempo passou e, como costuma acontecer com os jovens nessa idade, quando a sede de conhecer e viver novas experiências é maior do que a real noção dos assuntos do coração, Butch acabou interessando-se por Lena, a irmã de Ize. Jovem intrépido, sem nenhum receio em tomar o atalho das ilusões, Butch termina seu relacionamento com Ize e começa o namoro com Lena. A princípio, Ize ficou muito triste, mas quando ficou sabendo que sua própria irmã havia sido o pivô do fim do seu relacionamento, sua tristeza transformou-se em uma só determinação: seguir adiante e negar-se veementemente a abaixar a cabeça e derramar mais uma lágrima sequer por Butch. Ize era uma garota muito determinada. Ao mesmo tempo que o fim de seu namoro havia sido dolorido, ela guardou aquela dor no fundo do seu peito e seguiu adiante. Foi viver sua vida aproveitando todas as oportunidades de conhecer novos locais, novas pessoas. Abriu seu coração para a vida! 

Ize vivia no distrito de Santo Antônio do Paraibuna, zona rural da pacata cidade. Um belo dia, conheceu Aldo. Aldo havia chegado há pouco tempo na cidade. Vinha do estado de Mato Grosso, onde trabalhava para uma empresa de construção civil, e teria sido escalado para fazer parte da equipe contratada para construir uma ponte de ligação entre o distrito e a área central da cidade. Foi entre idas e vindas do centro para a zona rural que eles se conheceram. Ize, já refeita, entrou firme no relacionamento com Aldo e marcaram o casamento.

Neste período, Butch e Lena namoravam, mas Butch começou a perceber que havia deixado levar-se pelas ilusões. Sentiu que ainda amava Ize, e, pela primeira vez, agora com os pés no chão, percebeu a diferença entre os sentimentos que havia cultivado até então. Descobriu que amava Ize de verdade, e que seu relacionamento com Lena havia sido somente fruto de seus arroubos juvenis. Resolveu falar com Ize, procurá-la, dizer que a distância entre ambos havia feito com que ele percebesse que realmente a amava. Mas, para sua surpresa, descobriu que Ize estava de casamento marcado para daí a um mês!

Ele se desesperou, fez de tudo que era possível. Conversou, escreveu, implorou. Acabou até mesmo descobrindo seu lado poeta. Foi quando escreveu "Minha alma", poesia por meio da qual traduziu com profundidade sua paixão e sentimento por Ize.

Mas infelizmente nada adiantou. Ize era determinada, e, apesar de ainda amar muito Butch, resolveu seguir adiante. Casou-se com Aldo e mudou-se de cidade.

Os anos se passaram. Butch também acabou casando-se alguns anos depois, mas nunca esqueceu Ize. Já fazem 34 anos que tudo isso aconteceu e até hoje Ize encontra-se presente em seu pensamento praticamente todos os dias. Hoje Ize é uma jovem vó de 51 anos. Mudou-se de Santo Antônio do Paraibuna, porém seus pais ali permaneceram. Ize e Aldo voltam todos os finais de ano para visitá-los, e em muitas destas vezes, Ize e Butch acabaram se encontrando. Ize nunca falou sobre seu sentimento, mas seu olhar denuncia o amor que sempre nutriu por Butch. Este, com o coração a mil, sente-se sufocado, precisa falar, expressar seu sentimento. Então ele fala com Ize, diz que ainda a ama, e desculpa-se, afinal ambos estão casados. Ize somente sorri em silêncio...

E assim tem sido a cada ano... Butch encontra com Ize em seus sonhos enquanto aguarda ansiosamente cada final de ano para poder ao menos mirar seus olhos e dizer o quanto a ama. Butch e Ize vivem juntos esse sonho em seus pensamentos, mantém viva a chama enquanto aguardam, talvez, alguma manobra do destino que possa uni-los novamente.
Entre Butch e Ize há algo transcendental, talvez até mesmo uma afinidade de almas. Certa vez, uma cigana da cidade disse para Butch que toda vez que ele pensava em Ize ela também pensava nele, no mesmo momento, algo mágico. Entre ambos há, com certeza, uma rara e perfeita conexão.

Dizem que quando algo deve realmente acontecer, todo e qualquer obstáculo será removido no tempo certo para que aquilo aconteça. Não sei se é o caso dos dois, mas fato é que a história deles segue viva, alimentada nos sonhos pela reciprocidade. Talvez permaneça assim, apenas um doce encanto imperturbável por rusgas e problemas que provavelmente poderiam surgir caso houvesse uma convivência próxima e diária... ou talvez, quem sabe um dia, ambos consigam encontrar a ponta da linha que ficou perdida em meio às tramas e aos fios do destino implacável. Não sei, ninguém sabe, nem mesmo eles têm noção do que pode lhes acontecer. A única certeza que há é que essa história não terminou, segue cada vez mais viva no coração dos dois, independente de circunstâncias e condições.

Luciana G. Rugani
Minha alma

Minha alma de fogo ardente
Em noites brancas e vazias
Não se sente contente
Caminhando em nuvens macias,
Minha alma aos poucos chora
Vendo meu sonho acabar
Meu coração ainda implora
Para que o mundo pudesse parar.
Minha alma, não sei se de vidro ou pedra
Vai perdendo as forças pra lutar
Como um cristal que se quebra
Nada pode restar.
Minha alma de luz e dor
Espera uma chance aparecer
Para que desse grande amor
Ela possa renascer.

Butch Cassidy, 24/11/86

Vida

Vida
Venho te pedir uma chance
pra viver o verdadeiro amor
antes que a morte me alcance
Vida
Traz o meu único e grande amor
que por erro e descuido deixei escapar
Afogando-me agora em um mar de dor
Será que ainda algo posso esperar?
daquela que sempre quis me amar?
Vida
Não sejais cruel comigo
me tenha como amigo
em sua estrada já me perdi
Sofri, aprendi, arrependi, que cesse o castigo
Vida
Não te peço uma vida inteira
Talvez uma parte, um minuto
desse grande e único amor
me resgate desse luto
Vida venho te pedir uma chance
antes que a morte me alcance

Butch Cassidy
05/09/19

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