O que é mais importante: fechar os olhos para os pequenos grandes milagres de cada dia ou percebê-los em profundidade? Qual o grande propósito da vida?
Falo sobre isso no meu artigo de hoje no Blog do Totonho:
O grande propósito da vida é viver! Viver cada instante, saborear cada momento, pois cada momento é único. Este instante em que estou aqui, em frente à tela do note, digitando meu texto, respirando, sentindo cada respiração, este instante é único. Se estou aqui com essa capacidade de digitar, de organizar minhas ideias, isso é motivo de gratidão à vida e de muita alegria. Ser capaz de sentir a profundidade do significado de um instante de vida é o que faz a diferença em nosso caminhar.
Essa reflexão que faço deriva de dois fatos ocorridos nesta semana. Um deles foi ter assistido novamente ao filme "Soul - Uma Aventura com Alma", um filme aparentemente dedicado ao público infantil, mas que apresenta reflexões muito mais pertinentes aos adultos. O outro foi o triste episódio do acidente entre dois ônibus, ocorrido na última segunda-feira, em Nova Friburgo, e que resultou na morte do motorista de um deles. Sabemos que muitos acidentes fatais acontecem diariamente, porém esse aconteceu no mesmo dia em que assisti ao filme, e essa conjunção de fatos foi o que me inspirou a escrever este artigo.
Quantas vezes passamos dias e dias de nossas vidas, às vezes até anos, na obsessiva busca por um propósito, por algo mágico que nos preencha, e assim fechamos os olhos para coisas simples do cotidiano que representam verdadeiros milagres! Quanta energia desperdiçamos dando murros em pontas de faca em situações que nada mais significam, ou em situações nas quais não cabemos, ou que não cabem mais em nós? E fechamos os olhos para o carinho diário da natureza, com o qual somos afagados em cada amanhecer; para a beleza de um sol maravilhoso a surgir, iluminando nosso dia e trazendo vida aos ambientes! Quanta ciência, quantas leis da física aplicadas em um simples amanhecer, ou na conjunção dos elementos da natureza, em que energias são renovadas, equilibradas, ou atmosferas densas são limpas dentro de um equilíbrio inteligente entre vento, sol, chuva e vegetação! Entre mar e terra, quanta ciência e equilíbrio de forças em tremenda perfeição diária! E quando estudamos a estrutura e o funcionamento de uma colmeia de abelhas, ou de um formigueiro, e sua inter-relação com a natureza, percebemos a existência de uma inteligência incrível que a tudo coordena com precisão matemática! Fazer jus a essa riqueza, microscopicamente arquitetada por uma inteligência muito além do que podemos compreender, não seria motivo suficiente para saborearmos cada momento com mais gratidão, mais consciência real e menos ansiedade por trivialidades ou, quem sabe, por algo que nunca sabemos se acontecerá?
Quando ouvimos um caso como o do acidente ao qual me referi, em que um motorista de 54 anos partiu repentinamente, e quando lembramos do filme em que a busca por propósito é o tema central, destacamos dois fatores: o tempo e a imprevisibilidade. O tempo de vida, considerando o quanto os dias têm passado rapidamente, é pouco para as tantas ansiedades e incertezas comuns a tantos humanos. A imprevisibilidade é certa, não sabemos o que pode nos acontecer no dia seguinte, quanto mais nos anos vindouros! O que dizer sobre "busca de propósito", quando vemos crianças, adolescentes e jovens, partindo dessa vida tão precocemente? Claro que é saudável ter planos e ter propósito de vida. O que não vale é fazer da vida uma eterna busca de propósito que, muitas vezes, pode ser infrutífera, pois a resposta pode estar em nós mesmos, em torno de nós, e a gente nem percebe.
O grande e o principal propósito é viver! Sentir a vida a cada instante! Saboreá-la naquilo que ela nos oferece para que nos aprimoremos enquanto seres humanos... e enquanto temos tempo para isso.
Luciana G. Rugani
Pensadora, escritora e poeta -
uma experimentadora da arte
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