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JÓIAS OCULTAS

Hoje de manhã, ao entrar na internet, me deparei com a mensagem abaixo, no face de uma amiga, que serviu de inspiração para algumas reflexões que passo a fazer agora neste blog.
A história do garoto é algo muito comum nos dias de hoje, principalmente por vivermos em uma sociedade onde o mais importante é o ter, e não o ser, onde as pessoas sabem o quanto a aparência é utilizada para manipular, controlar, confundir, e mesmo assim se deixam levar por ela ao priorizarem as relações vazias como forma de demonstração de prestígio social.
A capa reluzente continua atraindo muito mais que o conteúdo das páginas amareladas pelo tempo.
A sociedade ainda persiste na adoração de seus bezerros de ouro.
O garoto era um desconhecido para sua própria família. Por não se comportar como os outros, por ser do seu próprio jeito e ter sua própria preferência de diversão, foi rotulado como "uma pessoa de jeito estranho", o que seria dele amanhã, afinal de contas seu comportamento era diferente dos demais.
Assim costuma acontecer com muitas pessoas que sofrem pré-julgamentos e, em consequência, são isoladas, como se um ser humano se resumisse ao seu jeito de ser, à sua aparência ou às suas relações com o meio externo.
Acontece que aqueles que estão sempre prontos ao julgamento rápido, que estão perdidos em seus castelos imaginários, loucos no ritmo vertiginoso de seus delírios de parecer, de possuir, acabam tendo sua percepção atrofiada. Perdem a capacidade de distinguir entre o que é real e o que é ilusão, perdem-se de si mesmos de tanto ter que parecer com o outro, ter que ser como o outro, viver a vida do outro. Já nem se lembram do garoto ou garota cheio de esperança e confiança que foram um dia e que foi largado (a) pelo caminho.
Perdem a oportunidade de conhecer e de se aproximar de pessoas cujo único bem que trazem para compartilhar é o amor. Aquele amor simplesmente sentimento, sem julgamentos, sem avaliações, amor de amigo, amor de pai, amor de mãe, amor de bem-querer, incondicional. Como o amor não é algo visível, palpável, e, por ser algo que segue justamente o caminho contrário das adorações fúteis das aparências, estas pessoas que o trazem em suas mãos para ofertá-lo geralmente são "invisíveis". E basta observar, geralmente as pessoas que mais têm a nos oferecer em termos de acolhimento, compreensão e relações verdadeiramente construtivas e satisfatórias são aquelas que não precisam se anunciar, não precisam fazer alarde e não precisam se mostrar vivas através de relações construídas puramente de aparências. São verdadeiras jóias ocultas, só percebidas por aqueles de sensibilidade mais apurada, que não deixaram que as ilusões do caminho atrofiassem sua percepção. Só são percebidas por aqueles que, como disse o Mestre Jesus, têm olhos de ver e ouvidos de ouvir.
Fica aqui a minha reflexão de hoje para que possamos olhar pra nós mesmos e meditar: quantas jóias ocultas estaremos deixando passar por nossas vidas sem que percebamos? De quanto amor em forma de mãos amigas estaremos abrindo mão em troca de nossos bezerros de ouro? Quantas pessoas podemos ter abandonado ou magoado simplesmente por elas serem elas mesmas, do seu próprio jeito e querer? Quantas oportunidades de um convívio agradável teremos desperdiçado por nos mantermos agarrados em nossa pequenez?
Tenham um bom domingo...

Luciana G. Rugani

QUINTAL DOS MEUS SONHOS

Solitário, um menino excluído brinca
No fundo do quintal com uma rodinha nas mãos.
Parece estar dirigindo, mas tão concentrado...
"Esse menino, não joga bola,
Não brinca com os outros,
Não se aproxima de meninas...
Não sei o que vai ser dele!" - fala a mãe, solteira, do garoto.
Aliás, a família comenta o estranho jeito de ser do menino.
O tempo vai passando e ele continua isolado,
Mas substitui a rodinha por um papel e uma caneta.
Quantas fantasias e viagens fantásticas ele teve naquelas tardes de solidão?
Os melhores sonhos, são os que sonhamos acordados,
E são esse que ele, agora já adulto, publica em jornais e revistas.
Agora que ficou conhecido de todos,
Deixou de ser desconhecido pela família.

(autor desconhecido)

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