Pular para o conteúdo principal

TEXTO DO PROFESSOR ACIOLI JÚNIOR - "O ANJO CAÍDO"

O Anjo Caído 
por Acioli Junior

O Anjo Caído é um dos monumentos mais conhecidos da cidade de Cabo Frio. Mas na verdade está grande estátua colocada no meio do Canal Palmer nunca foi um ser angelical. Ela é uma réplica de uma estátua grega chamada Vitória da Samotrácia.
A escultura original foi feita em mármore branco na ilha de Paros (Grécia) de cerca de 250 a.C. a 185 a.C. Na Grécia antiga, “Niké” (em latim) ou “Vitória” (em romano) ou “Nice”, (em português) era a deusa mensageira enviada por Zeus para anunciar o triunfo e a glória, aos vencedores dos campos de batalhas, seja ela terrestre ou naval.
Dificilmente um monumento histórico se torna famoso e recebe o tombamento do poder público sendo ele uma réplica. Mas contrariando a lógica patrimonial, o “Anjo Caído” segue imponente.
Situado nas águas do Canal Palmer, a estátua foi erguida em 1907 para assinalar a abertura do canal artificial de Leger Palmer . Esse canal facilitou o escoamento da produção de sal pela Laguna de Araruama, realizada nesse período, através de barcaças a vela.
Cabo Frio nesse período vivia o auge da produção salineira, em suas industrias no entorno da Laguna de Araruama, sendo um dos principais produtores de sal do país. Foi por conta desse crescimento vertiginoso que foram abertos canais artificiais para a navegação e escoamento da produção. É criada, então, uma empresa de navegação a vapor, para transporte entre as salinas e o porto do município.
O Anjo Caído possui inspiração clássica, com capitel em estilo coríntio, uma deusa grega com asas abertas sobre uma coluna de nove metros de altura. Com o passar do tempo, a força das marés vazante e enchente, das correntezas e os fortes ventos inclinaram a coluna de modo acentuado, motivando o nome popular de “Anjo Caído”. Até que o mesmo foi completamente submerso, no ano de 1979, as vésperas do aniversário de 364 anos da cidade. Diante desse fato o governo municipal resgata o monumento e o restaura, pelo então Conselheiro Municipal de Cultura de Cabo Frio, Professor Edilson Moreira Lopes Duarte. A segunda restauração foi feita em 2002 pelo artista cabo-friense Zé de Cano.
Próximo ao “Anjo Caído” de um lado se encontra a Ilha do Anjo, que virou um condomínio de luxo, com diversas mansões de alto padrão e do outro lado, está o Parque Municipal Dormitório das Garças, que foi a primeira unidade de conservação de Cabo Frio, criada através da Lei Municipal nº 228, de 20 de março de 1984. Esse parque é revestido de importância especial, por ser o manguezal mais expressivo ainda existente na Laguna de Araruama, compreendendo aproximadamente 2 Km de extensão.
O Anjo Caído é um monumento tombado pelo governo municipal, através do Decreto nº 011, de 28 de novembro de 1989.
Curiosidade: O monumento serviu como um farol. Em suas mãos era colocado um lampião para orientar as balsas de sal, onde ficava a entrada dos canais recém-abertos.
O Anjo caído é do período anterior a construção da ponte Feliciano Sodré, que começou a ser construída em 1925, sendo inaugurada em 1926, recebendo duplicação em 1981. O que havia antes do Anjo Caído era a precária ponte de ferro de mão única, Miguel de Carvalho, que foi construída em 1898, desabando nas águas do Canal Itajuru em 1920.
A iluminação do canal Palmer para a passagem de balsas de sal e a marcação do Canal para os capitães das embarcações foram os objetivos principais da construção da estátua grega que recebeu a alcunha de “Anjo Caído”.
Obs. 1: Este texto faz parte do livro Roteiro Ambiental e Patrimonial da Cidade de Cabo Frio, com lançamento previsto para fim de maio.
Obs. 2: O engenheiro Leger Palmer, que dá nome ao Canal, que na época tinha concessão para transportar o sal através da Laguna de Araruama, fez a abertura dos canais I e II, canalizando a água da Laguna e propiciando a prática da navegação, dando ensejo à organização de uma companhia de navegação a vapor na região. Ele foi homenageado por seu empreendedorismo batizando o canal com o seu nome (Canal Palmer).

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

4ª EDIÇÃO DO BARALHARTE - DISCUSSÃO DE TEMAIS DA ATUALIDADE

Ontem, sábado, aconteceu a 4ª edição do BARALHARTE!  Trata-se de um encontro de debatedores sobre quatro temas atuais, representados pelos quatro naipes do baralho e por quatro regiões diferentes de nosso país. Cada debatedor leva um tema que será debatido pelos demais e também por convidados presentes. Os debatedores desta edição foram eu, Luciana, representando o estado do Rio de Janeiro, Gilvaldo Quinzeiro, representando o Maranhão e Amaro Poeta, representando Pernambuco. Fernanda Analu, representando Santa Catarina, em razão de um compromisso de última hora, não pôde participar. Mas contamos também com as convidadas Mirtzi Lima Ribeiro e Valéria Kataki e com os convidados Hairon Herbert, Julimar Silva, Ricardo Vianna Hoffmann e Tarciso Martins. Agradeço a Gilvaldo Quinzeiro pelo convite e pela oportunidade de participar de um encontro tão engrandecedor, oportunidade que temos para aprender muito sobre variados assuntos. Cliquem abaixo para assistir: Luciana G. Rugani

POESIA PARA DUAS IRMÃS

Duas irmãs, Dois corações, Duas almas que trilham o mesmo caminho: de amor, fé e união. Impossível tratar aqui só de uma delas, Suas histórias se completam. Nos olhos de uma vejo a alegria que se estampa no sorriso da outra, No abraço de uma sinto o acolhimento que se estende à presença da outra. Duas almas plenas de sensibilidade, Que sabem amar e viver com alegria, Que sabem cultivar a luz nos seus dias, E, ainda que chegue a noite, Será sempre iluminada pelas estrelas. Porque a escuridão nada é, Perante a força que emana dessa união. Luciana G. Rugani

POEMA CIGANO

Navegando pela internet encontrei uma música cigana francesa simplesmente maravilhosa: "Parlez Moi D'elle", cantada por Ricão. Encontrei também um poema cigano encantador! Escolhi ambos para compor essa minha postagem que fica como uma singela homenagem ao povo cigano. Abaixo da foto segue o vídeo com a música e o poema logo abaixo. Assistam ao vídeo e leiam o poema. São maravilhosos! POEMA CIGANO Sou como o vento livre a voar. Sou como folha solta, a dançar no ar. Sou como uma nuvem que corre ligeira. Trago um doce fascínio em meu olhar. Sou como a brisa do mar, que chega bem de mansinho. Sou réstia de sol nascente, sou uma cigana andarilha. O mundo é a minha morada, faço dela minha alegria. A relva é a minha cama macia, meu aconchego ao luar. Acendo a luz das estrelas, salpico de lume o céu. Sou livre, leve e solta, meu caminho é o coração. Sou musica, sou canção, sou um violino à tocar. Sou como fogo na fogueira, sou labaredas inquietas. Sou alegre, sou festeira, trago...