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REVISTA DIGITAL ALDEIA MAGAZINE - CRÍTICA SOCIAL NO PLANETA FOME

Saiu hoje a edição 35, mês de setembro, da Revista Digital Aldeia Magazine, com minha coluna "Cantinho das Ideias", na página 116 (clique no nome da revista para ler a edição completa).
Nesta edição, apresento meu poema "De Teixeira a Elza", com o qual me classifiquei em 9o. Lugar no concurso Prêmio Literário Teixeira e Sousa, promovido pela Secretaria de Cultura, da Prefeitura de Cabo Frio, cujo tema foi "De Teixeira e Sousa a Elza Soares - Crítica social no Planeta Fome".
Busco chamar a atenção para o fato de que, do século 19 até os dias atuais, muita coisa se transformou na sociedade, porém permanecem as chagas do preconceito, da pobreza e da fome. 
Cliquem para ler:

POEMA “DE TEIXEIRA A ELZA” – PRÊMIO TEIXEIRA E SOUSA DE LITERATURA

Em julho passado, foi publicado o resultado final do Concurso Teixeira e Sousa, edição 2022, promovido pela Prefeitura de Cabo Frio – RJ. Tive a alegria de ser classificada em 9º lugar e de meu poema ter sido um dos selecionados para compor a antologia, lançada em setembro, durante a cerimônia de premiação.

O tema deste ano foi “De Teixeira e Sousa à Elza Soares Crítica Social no Planeta Fome”. Teixeira e Sousa, escritor cabo-friense considerado o primeiro romancista brasileiro, viveu de 1812 a 1861. Elza Soares, cantora brasileira, viveu de 1930 a 2022. Ambos eram negros e viveram tempos em que o preconceito racial e de classes era muito mais marcante e até mesmo aceito socialmente. Sobreviver, sendo negro e pobre, representava constante desafio. Ambos se destacaram, cada qual com sua arte. Venceram a fome e a dor pujante do preconceito.
Em meu poema, intitulado “De Teixeira a Elza”, utilizei nomes de livros de Teixeira e Sousa e de álbuns de Elza Soares para retratar um pouco das dificuldades relacionadas à pobreza e ao preconceito racial, vividas na época de Teixeira, no século 19, e também no tempo de Elza, já no século 20. Fiz um paralelo entre a vida desses dois grandes nomes da arte brasileira demonstrando que o tempo passou, que a vida se transformou, mas que, infelizmente, a pobreza, a fome e o preconceito ainda seguem presentes, fazendo sofrer a muitos Teixeiras e a muitas Elzas em nosso país.
Segue o meu poema:

De Teixeira a Elza

CORNÉLIA,
Em insondáveis pensamentos,
Absorvia, encantada,
Suave melodia de CÂNTICOS LÍRICOS
Da casa da esquina entoada.
Livros ali nasciam,
Histórias e romances surgiam.
Naquela noite, porém,
A música permitiam.

Teixeira e Sousa,
Escritor mulato cabo-friense,
Ali suas obras criava.
Em seus romances e tragédias,
Curava as dores sofridas:
O preconceito,
A pobreza.
Igualdade e amor,
Em suas obras, eternizava.

Com Teixeira e Sousa,
Da janela, Cornélia sonhava...
Sonhava com ele aprender a ler,
E a escrever.
Sonhava viver OS TRÊS DIAS DE UM NOIVADO
Com O FILHO DO PESCADOR.
AS TARDES DE UM PINTOR,
Por mais belas fossem,
Eram incapazes de reluzir
Uma só porção de seu amor.

Cornélia era negra,
Desnutrida,
De vida sofrida,
Escrava.
“Quiçá um dia!”
Sonhava.
Queria ser livre,
Como um pássaro a voar.
Trabalhar
Não deveria ser humilhar.
Seu choro e seu riso,
Deveriam respeitar.

Assim viveu Cornélia,
Em compasso e descompasso.
Uma vida pendular,
Com muitos sonhos a sonhar
E muita dor a cultivar.

No PLANETA FOME,
Cem anos a correr.
Nasceu ELZA NEGRA, NEGRA ELZA!
A mesma dor
O mesmo sofrer.

Elza era livre,
Prisioneira, porém,
Do mesmo sofrer
Que à Cornélia fez chorar:
O preconceito a verter
Dos olhos daqueles
Que a ela punham-se a mirar.

Elza também tinha sonhos a sonhar,
E amor a amar.
À vida, ELZA PEDE PASSAGEM,
NOS BRAÇOS DO SAMBA,
Deixa-se levar.

SANGUE, SUOR E RAÇA,
Toda sua vida abraça.
NA RODA DO SAMBA,
Seu nome ficou.
“SOMOS TODOS IGUAIS”,
A sua arte gritou.

Persistir, não desistir,
LIÇÃO DE VIDA.
SENHORA DA TERRA,
VOLTEI!
Sou A MULHER DO FIM DO MUNDO!
Do mundo invisível,
Mundo de fome,
Mundo de dor,
De preconceito.
PILÃO + RAÇA = ELZA
Mas VIVO FELIZ,
Minha TRAJETÓRIA é guerreira!
Sou carne, sou alma,
Sou estrela!
Sou ser que vive,
Que ama,
Que sonha.
Sou
Assim como você!

Teixeira e Elza,
Eternos na arte que liberta!
Passado e presente
Entrelaçados no tempo.
Tempo esse que não teve tempo
De curar a dor
Para tantas outras Elzas
E tantos outros Teixeiras.

Para esses tantos,
Passa-se ano a ano
E persiste o sofrer,
O preconceito insano
E a fome,
Que lhes faz doer.

(os trechos em “caixa alta” correspondem a títulos de obras do escritor Teixeira e Sousa e a títulos de álbuns gravados por Elza Soares)

Luciana G. Rugani

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