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OUTUBRO: MÊS DAS CRIANÇAS


Quando dizemos que outubro é o mês das crianças, lembramos logo de nossos pequenos, aqueles que ainda não são adultos nem adolescentes.

Mas eu gostaria de aproveitar este mês para reflexionar em torno de outra criança. Aquela criança que ficou perdida lá no passado e que se encontra em nosso interior abafada pelos bloqueios de adulto tirano. Aquela criança que expressava seus sentimentos; que, ainda que passando por dificuldades, mantinha sempre um brilho nos olhos e uma esperança constante; aquela que sonhava e acreditava em seus sonhos; que era livre para ser como era, não se incomodando com os olhares alheios; que vivia cada dia de uma vez, e em cada dia o encanto de toda uma vida; que era simples e sincera, mas com doçura; que tinha a coragem e a autoestima para ser quem era, naturalmente.

O adulto chegou com força total, cortando de vez a manifestação da criança. Hoje, muitos de nós somos represa de sentimentos guardados, amamos mas não conseguimos dizer “eu te amo”, sofremos mas não podemos dizer que sofremos, alegramos mas não podemos mostrar-nos alegres...O medo dominador do adulto nos aprisionou, aprisionou nossas expressões. E nossa esperança, nossa capacidade de acreditar no melhor, ainda que em volta tudo pareça o contrário? Nosso brilho nos olhos, nossa confiança no outro? Por que mal conhecemos uma pessoa e já a julgamos mal e indigna de crédito? É porque tornamo-nos escravos de nossos fatos mal sucedidos, nos deixamos ser dominados por eles quando, no máximo, deveríamos vivê-los e deixá-los passar. Mas, nosso ser adulto, acostumado a achar-se uma soma de experiências e não um ser em constante experiência, nos diz cheio de orgulho: não confie em mais ninguém, afinal de contas você já acumulou conhecimentos demais, tudo que vier agora não poderá ser diferente do que já viveu...e mais uma vez damos ouvidos ao medo e à prepotência do adulto.

E o que dizer dos nossos sonhos...perdemos a capacidade de sonhar. Quando nos vemos voltando ao caminho do sonho, logo o adulto desperta e nos diz: pare com isso, o que você está querendo? Isso não vale a pena, não compensa, você não merece, não consegue. E lá vamos nós de novo...cedendo à imposição do adulto.

Gostaria, então, que aproveitássemos para refletir em torno de nossa criança interior que foi abandonada, verificar que bloqueios nós colocamos para sufocar essa criança, e fazê-la ressurgir, tomá-la nos braços com carinho e deixá-la participar de nossas vidas.

Jesus nos disse: «Se não voltardes a ser como as criancinhas, não podereis entrar no Reino do Céu». O Reino do Céu é o reino de amor, paz, felicidade plena. É total estado de bem-aventurança. Então, resgatemos nossa simplicidade e humildade de sermos quem somos, nosso espírito aberto à Vida, sem temores, sem defesas prévias, com esperança, confiança sempre, ainda que venhamos a cair. Se cairmos, levantemos e sigamos em frente, como faz uma criança. Não precisamos de jogos de controle com os outros, pois somos corajosos o suficiente para sermos nós mesmos. Podemos confiar na vida, confiar no outro, pois cada pessoa é um ser distinto, cada um é um universo diferente. Não precisamos temer. Isso não significa fecharmos os olhos para os perigos do caminho. Não, pelo contrário. Seremos ainda mais capazes de enxergá-los quando eles realmente existirem, pois não seremos iludidos pelo medo.

Que sejamos como as criancinhas para que, então, possamos trazer o Reino do Céu para dentro de nossas vidas!

Luciana G. Rugani

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