Hoje, no Blog do Totonho, falo sobre as impressões que tive ao visitar a Bienal Mineira do Livro:
Estive na Bienal Mineira do Livro, em Belo Horizonte. A bienal começou no dia 3/5 e vai até o próximo dia 10.
A edição deste ano homenageia o grande escritor mineiro, João Guimarães Rosa. Dela participam mais de 60 editoras e livrarias, 170 autores independentes e 80 quadrinistas, além de vários autores convidados, nacionais e internacionais, como Conceição Evaristo e Fabrício Carpinejar, entre outros. Uma extensa programação que inclui também rodas de conversa, contação de histórias, oficina de escrita e clube de escritores.
Algo que observei, e que gostei de ver, foi a quantidade de ônibus estacionados, outros que chegavam e saíam, com crianças e jovens, estudantes de várias escolas do Município e também de outras cidades de Minas Gerais. Muitos livros infanto-juvenis na exposição e as crianças e jovens encantados com o mundo da literatura e fazendo uso de "vale-livro", fornecido pelo poder público, por meio da política de incentivo à leitura.
Sabemos que as grandes capitais têm seus problemas sociais, principalmente em razão de serem centros atrativos para oportunidades de estudo e trabalho, entre outras necessidades. Mas, para além disso, percebemos uma diferença fundamental no modo de tratar dos problemas quando a cultura e o saber são valores mais consolidados e, portanto, mais valorizados pelo poder público e pela sociedade em geral.
A capital mineira possui cerca de 22 bibliotecas municipais, sendo uma para cada centro cultural da cidade, no total de 17 centros culturais, e em outros espaços do Município. A rede de bibliotecas públicas municipais é gerenciada pela Fundação Municipal de Cultura - FMC e organizada por meio de um sistema informatizado que possibilita que as reservas de livros possam ser feitas pela internet. Em relação a teatros, BH possui cerca de 35 espaços teatrais, sendo que 3 são espaços públicos municipais. A pesquisa intitulada "Cultura das Capitais", realizada pela empresa de consultoria especializada em cultura, esporte e investimento social, JLeiva Cultura & Esporte, revelou que ler é um hábito comum na Capital e que os moradores, incluindo estudantes, gostam de ler, conforme responderam 61% dos entrevistados. Por esses dados, percebemos uma maior consolidação da cultura e do saber como pilares estruturados, tanto por parte da sociedade como por parte do poder público. Claro que, como eu disse, por ser uma grande cidade e por não estar desvinculada da desigualdade gritante de oportunidades que há na sociedade brasileira, há dificuldades a superar e os números podem não ser suficientes. Entretanto, o primordial, o básico para qualquer sociedade, é ter como certa a posição da cultura como valor essencial. É ter como incontestável a necessidade de espaços culturais em pleno funcionamento, como teatros e bibliotecas.
Na visita à bienal, senti isso quando vi crianças e jovens entusiasmados, participando das brincadeiras propostas e de olhos brilhando ao manusear os livros. Em tempos de tanta força de redes sociais e de tanta anticultura, estar ali, em meio àquele mundo literário e perceber a satisfação e entusiasmo dos presentes, em especial de crianças e jovens, revigorou o meu ânimo e a minha vontade de prosseguir na semeadura de novos horizontes e de insistir na divulgação da importância dos valores culturais.
Luciana G. Rugani
Escritora e poeta
Comentários
Postar um comentário