No meu artigo de hoje, no Blog do Totonho, falo sobre o discurso do presidente Lula na ONU e destaco alguns de seus principais pontos:
DISCURSO DO PRESIDENTE LULA NA ASSEMBLEIA GERAL DA ONU
Por ocasião do discurso do presidente Lula, na abertura da assembleia geral da Organização das Nações Unidas - ONU, assistimos a um verdadeiro líder internacional expondo tudo o que acontece ao redor do mundo.
Destaco aqui alguns dos principais pontos abordados pelo presidente.
Lula ressaltou o problema da fome, principalmente na África, e citou a saída do Brasil do "Mapa da Fome". Reafirmou que a nação brasileira é soberana e que não permite que outras nações se intrometam em assuntos que só dizem respeito ao Brasil. Posicionou Israel como um país que vem cometendo genocídio em Gaza, devido à desproporção da resposta militar a um povo que está sendo dizimado.
Lula asseverou, ainda, a importância de serem reformadas as estruturas da ONU, hoje desgastadas e inapropriadas, adaptando-as para o momento atual e proporcionando maior representatividade de todos países, principalmente daqueles que emergiram.
A disposição do Lula foi a de enviar um recado para o mundo, principalmente ao sugerir que as nações tenham boa vontade para melhorar suas atitudes, como, por exemplo, com redução de investimento militar e captação de investimentos para manutenção das florestas, com foco no ideal de um mundo sem fome e com menos desigualdade social.
À primeira vista, temos a impressão de que Lula falou obviedades ou sugeriu impossibilidades utópicas. Entretanto, os dias atuais têm sido de tantas aberrações, que podemos afirmar que não, Lula não falou obviedades. Atualmente, o que parece óbvio precisa ser cada vez mais dito e repetido. Dizer, por exemplo, que o Brasil é um país soberano parece repetir algo que ouvimos desde sempre, algo que consta como um dos princípios fundamentais que constituem a República Federativa do Brasil, de acordo com o artigo primeiro da Constituição Federal. Mas, por incrível que pareça, algo que nos parecia tão óbvio e consolidado precisa agora ser reforçado e repetido em discursos oficiais, pois temos um autocrata, um político com perfil de ditador, liderando um país que sempre se achou "dono" da América Latina, e que pensa que pode interferir livremente nos assuntos internos de nosso país.
Sobre o problema de Gaza, Lula foi um dos primeiros que alertou para o genocídio que ali acontece, algo que somente agora, recentemente, líderes de outros países reconheceram. O mundo não pode assistir, de forma impassível, à destruição de um povo com base em justificativas que nada justificam. Uma destruição que só faz alimentar, ainda mais, o ódio e o antissemitismo na região.
Quanto à questão da fome, essa sempre foi a principal preocupação do presidente. Um problema que, aqui no Brasil, acentuou-se muito no governo do presidente anterior, por várias razões, mas, principalmente, por sua descrença na existência desse problema. Enquanto havia mais de 33 milhões de brasileiros em situação de insegurança alimentar grave, o ex-presidente dizia que não havia "fome pra valer" no país. Atualmente, o problema da fome não foi totalmente combatido no país, porém o governo do presidente Lula conseguiu reduzir drasticamente o quantitativo de brasileiros em insegurança alimentar grave para menos de 2,5% da população brasileira.
Em relação à necessidade de mudanças estruturais na ONU, de fato são necessárias mudanças que façam com que a Organização volte a ter o protagonismo de antes. A ONU sempre foi um espaço para idealismo, e muitos ideais que vieram a se tornar planos de ação nasceram dos discursos ali implementados. Desde sua criação, após a segunda guerra mundial e com finalidade de garantir a paz e relações internacionais menos conflituosas, os Estados Unidos da América - EUA - sempre tiveram um papel protagonista nas decisões. A Organização foi idealizada nos moldes dos maiores países dos anos 40, principalmente dos EUA. Infelizmente, ao longo dos anos, a ONU foi perdendo a sua força O que hoje é ditado pela Organização não coaduna mais com esses países. Se os termos de estrutura da ONU não mudarem e não forem atualizados, conforme o novo panorama mundial, a Organização estará fadada a se encerrar, o que seria péssimo, principalmente para os países mais pobres.
O conteúdo do recado de Lula para o mundo vai muito além de mera retórica de tom utópico ou idealista. Em um contexto mundial cujo panorama mais parece retrocesso, com a nação que se dizia "a maior democracia do mundo" nas mãos de um líder belicoso, negacionista e que pensa ser o maior do planeta, a fala de Lula é mais um de tantos alertas que buscam chamar a atenção da sociedade para a linha tênue que separa o contexto mundial do multilateralismo (em que deve prevalecer o equilíbrio e divisão de forças na busca da solução dos problemas) do bilateralismo, a polarização que tanto agrada aos extremistas, em que uma nação poderosa luta por seu poder hegemônico enquanto o mundo desaba e é cada vez mais destruído por guerras constantes e desigualdades extremas.
Luciana G. Rugani
Pensadora, escritora e poeta
Por ocasião do discurso do presidente Lula, na abertura da assembleia geral da Organização das Nações Unidas - ONU, assistimos a um verdadeiro líder internacional expondo tudo o que acontece ao redor do mundo.
Destaco aqui alguns dos principais pontos abordados pelo presidente.
Lula ressaltou o problema da fome, principalmente na África, e citou a saída do Brasil do "Mapa da Fome". Reafirmou que a nação brasileira é soberana e que não permite que outras nações se intrometam em assuntos que só dizem respeito ao Brasil. Posicionou Israel como um país que vem cometendo genocídio em Gaza, devido à desproporção da resposta militar a um povo que está sendo dizimado.
Lula asseverou, ainda, a importância de serem reformadas as estruturas da ONU, hoje desgastadas e inapropriadas, adaptando-as para o momento atual e proporcionando maior representatividade de todos países, principalmente daqueles que emergiram.
A disposição do Lula foi a de enviar um recado para o mundo, principalmente ao sugerir que as nações tenham boa vontade para melhorar suas atitudes, como, por exemplo, com redução de investimento militar e captação de investimentos para manutenção das florestas, com foco no ideal de um mundo sem fome e com menos desigualdade social.
À primeira vista, temos a impressão de que Lula falou obviedades ou sugeriu impossibilidades utópicas. Entretanto, os dias atuais têm sido de tantas aberrações, que podemos afirmar que não, Lula não falou obviedades. Atualmente, o que parece óbvio precisa ser cada vez mais dito e repetido. Dizer, por exemplo, que o Brasil é um país soberano parece repetir algo que ouvimos desde sempre, algo que consta como um dos princípios fundamentais que constituem a República Federativa do Brasil, de acordo com o artigo primeiro da Constituição Federal. Mas, por incrível que pareça, algo que nos parecia tão óbvio e consolidado precisa agora ser reforçado e repetido em discursos oficiais, pois temos um autocrata, um político com perfil de ditador, liderando um país que sempre se achou "dono" da América Latina, e que pensa que pode interferir livremente nos assuntos internos de nosso país.
Sobre o problema de Gaza, Lula foi um dos primeiros que alertou para o genocídio que ali acontece, algo que somente agora, recentemente, líderes de outros países reconheceram. O mundo não pode assistir, de forma impassível, à destruição de um povo com base em justificativas que nada justificam. Uma destruição que só faz alimentar, ainda mais, o ódio e o antissemitismo na região.
Quanto à questão da fome, essa sempre foi a principal preocupação do presidente. Um problema que, aqui no Brasil, acentuou-se muito no governo do presidente anterior, por várias razões, mas, principalmente, por sua descrença na existência desse problema. Enquanto havia mais de 33 milhões de brasileiros em situação de insegurança alimentar grave, o ex-presidente dizia que não havia "fome pra valer" no país. Atualmente, o problema da fome não foi totalmente combatido no país, porém o governo do presidente Lula conseguiu reduzir drasticamente o quantitativo de brasileiros em insegurança alimentar grave para menos de 2,5% da população brasileira.
Em relação à necessidade de mudanças estruturais na ONU, de fato são necessárias mudanças que façam com que a Organização volte a ter o protagonismo de antes. A ONU sempre foi um espaço para idealismo, e muitos ideais que vieram a se tornar planos de ação nasceram dos discursos ali implementados. Desde sua criação, após a segunda guerra mundial e com finalidade de garantir a paz e relações internacionais menos conflituosas, os Estados Unidos da América - EUA - sempre tiveram um papel protagonista nas decisões. A Organização foi idealizada nos moldes dos maiores países dos anos 40, principalmente dos EUA. Infelizmente, ao longo dos anos, a ONU foi perdendo a sua força O que hoje é ditado pela Organização não coaduna mais com esses países. Se os termos de estrutura da ONU não mudarem e não forem atualizados, conforme o novo panorama mundial, a Organização estará fadada a se encerrar, o que seria péssimo, principalmente para os países mais pobres.
O conteúdo do recado de Lula para o mundo vai muito além de mera retórica de tom utópico ou idealista. Em um contexto mundial cujo panorama mais parece retrocesso, com a nação que se dizia "a maior democracia do mundo" nas mãos de um líder belicoso, negacionista e que pensa ser o maior do planeta, a fala de Lula é mais um de tantos alertas que buscam chamar a atenção da sociedade para a linha tênue que separa o contexto mundial do multilateralismo (em que deve prevalecer o equilíbrio e divisão de forças na busca da solução dos problemas) do bilateralismo, a polarização que tanto agrada aos extremistas, em que uma nação poderosa luta por seu poder hegemônico enquanto o mundo desaba e é cada vez mais destruído por guerras constantes e desigualdades extremas.
Luciana G. Rugani
Pensadora, escritora e poeta
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