Pular para o conteúdo principal

PERDÃO

O perdão é uma das grandes virtudes que precisamos buscar na vida. Partindo do princípio de que ainda somos pessoas magoáveis, o perdão é algo a ser buscado e vivido agora, para nosso melhor progresso moral. Digo que ainda somos magoáveis porque grandes mestres nem precisam perdoar, pois já nem mesmo se sentem ofendidos.
Mahatma Gandhi, uma das maiores personalidades que a história já conheceu, foi perguntado se perdoava todos os que o injuriaram e maltrataram. E Gandhi respondeu:- "Nada tenho que perdoar, porque nunca ninguém me ofendeu".
Precisamos perdoar aos outros e a nós mesmos, e precisamos saber pedir perdão.
No cerne de toda a questão sobre o perdão está a culpa. A culpa é como um bloqueio sem sentido no meio de nosso caminho. Em nada ajuda, apenas dificulta a caminhada.
Ficamos presos no mesmo ponto, cheio de amarguras e dores, e não continuamos a caminhar.
Quanto ao esquecimento, sabemos que é impossível que esqueçamos o que nos acontece. No meu entendimento, perdoar não implica em limpeza da memória, esquecimento do fato. Não. E é até melhor que assim seja, pois só assim podemos aprender com o que nos sucede. O fato aconteceu no tempo. O perdão pressupõe transmutação da energia que dedicamos à lembrança de tal fato, ou seja, que passemos a enxergar o acontecido como aprendizado, que saibamos retirar da lição tudo aquilo que precisamos aprender para sermos seres humanos melhores. E, em relação às pessoas envolvidas, que possamos mudar nosso sentimento em relação a elas. Se antes era de raiva, antipatia, ou algo do gênero, que ao perdoar possa ser de compreensão por saber que essas pessoas também são caminhantes como nós, sujeitos aos mesmos tropeços e quedas. E que não podem ser culpadas por não agirem e não serem como queremos que ajam e que sejam. Por isso são, assim como nós, merecedores de segunda chance. Perdoar é permitir novas oportunidades, estando ciente de que seres humanos são falíveis, podem errar e errar várias vezes, mas quem somos nós para impedir que assim seja. Lembremos que o perdão é ato de doação, libertação, e não deve ser usado para acorrentar uma alma às nossas expectativas pessoais. Penso que não estamos neste mundo para julgar-nos uns aos outros, mas sim para fazer nossa parte no sentido de não sermos nós os bloqueios nos caminhos de alguém.
O perdão: como qualquer virtude, é preciso saber reconhecê-lo. Explico-me: como todos somos seres humanos falíveis, como já disse, podemos cometer enganos. Ao pedir perdão, precisamos saber que devemos estar dispostos a recomeçar com novas atitudes, como um "homem novo", não repetir os mesmos erros. Se não estivermos dispostos a novas posturas, a novos hábitos, não é perdão o que estamos pedindo. Estamos apenas pedindo desculpas pelo tropeço e continuamos o mesmo caminho. Pedir perdão é assumir a responsabilidade que nos cabe no processo de mudança de atitudes.
E, para perdoar verdadeiramente, que seja de coração, com a alma leve, libertando, sem cobranças. De forma contrária, também não é perdão. E ainda, o ato de perdoar não obriga que os envolvidos sigam o mesmo caminho, claro que não. Podem muito bem se perdoarem e seguirem caminhos diferentes, se assim for o melhor para todos.
Para concluir, que possamos todos saber pedir perdão e perdoar, aos outros e a nós mesmos, pois o perdão é um exercício de amor ao próximo e a nós mesmos.

Luciana G. Rugani

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

4ª EDIÇÃO DO BARALHARTE - DISCUSSÃO DE TEMAIS DA ATUALIDADE

Ontem, sábado, aconteceu a 4ª edição do BARALHARTE!  Trata-se de um encontro de debatedores sobre quatro temas atuais, representados pelos quatro naipes do baralho e por quatro regiões diferentes de nosso país. Cada debatedor leva um tema que será debatido pelos demais e também por convidados presentes. Os debatedores desta edição foram eu, Luciana, representando o estado do Rio de Janeiro, Gilvaldo Quinzeiro, representando o Maranhão e Amaro Poeta, representando Pernambuco. Fernanda Analu, representando Santa Catarina, em razão de um compromisso de última hora, não pôde participar. Mas contamos também com as convidadas Mirtzi Lima Ribeiro e Valéria Kataki e com os convidados Hairon Herbert, Julimar Silva, Ricardo Vianna Hoffmann e Tarciso Martins. Agradeço a Gilvaldo Quinzeiro pelo convite e pela oportunidade de participar de um encontro tão engrandecedor, oportunidade que temos para aprender muito sobre variados assuntos. Cliquem abaixo para assistir: Luciana G. Rugani

POESIA PARA DUAS IRMÃS

Duas irmãs, Dois corações, Duas almas que trilham o mesmo caminho: de amor, fé e união. Impossível tratar aqui só de uma delas, Suas histórias se completam. Nos olhos de uma vejo a alegria que se estampa no sorriso da outra, No abraço de uma sinto o acolhimento que se estende à presença da outra. Duas almas plenas de sensibilidade, Que sabem amar e viver com alegria, Que sabem cultivar a luz nos seus dias, E, ainda que chegue a noite, Será sempre iluminada pelas estrelas. Porque a escuridão nada é, Perante a força que emana dessa união. Luciana G. Rugani

POEMA CIGANO

Navegando pela internet encontrei uma música cigana francesa simplesmente maravilhosa: "Parlez Moi D'elle", cantada por Ricão. Encontrei também um poema cigano encantador! Escolhi ambos para compor essa minha postagem que fica como uma singela homenagem ao povo cigano. Abaixo da foto segue o vídeo com a música e o poema logo abaixo. Assistam ao vídeo e leiam o poema. São maravilhosos! POEMA CIGANO Sou como o vento livre a voar. Sou como folha solta, a dançar no ar. Sou como uma nuvem que corre ligeira. Trago um doce fascínio em meu olhar. Sou como a brisa do mar, que chega bem de mansinho. Sou réstia de sol nascente, sou uma cigana andarilha. O mundo é a minha morada, faço dela minha alegria. A relva é a minha cama macia, meu aconchego ao luar. Acendo a luz das estrelas, salpico de lume o céu. Sou livre, leve e solta, meu caminho é o coração. Sou musica, sou canção, sou um violino à tocar. Sou como fogo na fogueira, sou labaredas inquietas. Sou alegre, sou festeira, trago...