O que um gato que tenta subir a escada rolante que desce traz para nós como reflexão?
Falo sobre isso na minha coluna de hoje no Blog do Totonho :
Há cerca de dois meses, chegou até mim, divulgado pelas redes sociais, um vídeo em que um gato tenta, por várias vezes, subir uma escada rolante que descia, no Aeroporto de Istambul, na Turquia. Ele sobe os degraus por mais de um minuto e, talvez meio confuso por não entender por que ele praticamente não sai do lugar, para no degrau e fica observando o movimento da escada ao levá-lo de volta para o lugar de onde saiu. Ele sobe novamente os degraus e, de novo, para e observa, enquanto volta ao ponto de origem. E fica nesse mesmo movimento, até que um homem o toma nas mãos e o coloca de frente para a outra escada rolante que havia ao lado, e que estava subindo. O gatinho, então, sobe os degraus com muito menos esforço e consegue chegar rapidamente ao outro andar, seu destino final.
A cena, a princípio engraçada por mostrar a persistência do gatinho em subir uma escada rolante que desce, acabou me provocando várias reflexões .
Na vida, quantas vezes alguém insiste teimosamente em situações que só fazem retroceder e nem percebe? Segue em modo automático, obcecado pelo objetivo a alcançar, e não percebe os poréns do caminho, as atitudes que precisa mudar e até mesmo o foco a ajustar. Algumas vezes, a própria vida age tal qual o homem que redirecionou o gato, quando finaliza nossa trajetória por um caminho e nos coloca em outro, mais adequado ao nosso aprendizado evolutivo.
Outro pensamento que me veio à mente: quantas vezes alguém segue um caminho difícil, penoso, esforça-se ao máximo, porém para no caminho e desiste, voltando ao ponto inicial quando faltava apenas dobrar mais um pouquinho o próprio esforço, ou treinar mais um pouquinho a paciência e a tolerância.
E mais uma reflexão: a importância de se ter um propósito a cada degrau a subir. O propósito não necessariamente precisa ser algo concreto e definido. Ele pode significar diretrizes a seguir durante a vida. Às vezes, a pessoa não tem algo concreto como foco, mas possui diretrizes forjadas por virtudes, ou por valores os quais ela opta por seguir. O seu propósito pode ser viver em conformidade com tais virtudes, ou com tais valores, e assim viver de maneira mais harmônica com si mesmo. Nesse caso, vale seguir, não desistir, pois o propósito corresponde ao próprio viver com harmonia, qualquer que seja o caminho a seguir.
A obstinação do gatinho em chegar ao andar superior, sem ao menos saber o que lhe esperava ali, sem saber nem o que iria fazer naquele andar, é como nossa caminhada pela vida quando o propósito é viver em conformidade com os valores em que se acredita. Quase nunca se sabe o que se encontrará pela frente, porém, quando se busca mais harmonia com o próprio ser, adquire-se mais conhecimento sobre si mesmo, portanto mais preparado estará para enfrentar qualquer que seja o caminho que se abra à frente.
Luciana G. Rugani
Pensadora, escritora e poeta

Minha amiga, talvez a persistência do gato e a paciência dele em tentar ,parar , observar e ir novamente seja diferente de nós por que ele sabe que tem sete vidas enquanto o ser humano se apressa demais por ter uma só
ResponderExcluirQue maravilhosa essa reflexão, Luciana! Como um "simples" acontecimento dispara vários gatilho de pensamentos. Fico aqui pensando... Quem sabe o gatinho sabia exatamente o que estava fazendo? Ou seja, mostrar para as pessoas o que você, tão magistralmente, transformou em texto? Vai saber... Gatos são especiais!!
ResponderExcluir